O DESIGN DE EXPERIÊNCIA
Atualizado: 5 de fev. de 2021
Na era da experiência, mais do que comprar algo, as pessoas buscam sentido em comprar. Pesquisas apontam que até 2024 os consumidores millennials - que têm hoje entre 22 e 36 anos de idade - irão representar 50% do mercado de luxo. É uma geração voltada ao consumo consciente, atenta à sustentabilidade, que compra menos, mas melhor, que está de olho em produtos que não são descartados com facilidade, que têm maior valor agregado. É o novo luxo, presente nas marcas com aquele “algo a mais” que encanta e motiva as pessoas a comprar não apenas o produto, mas a história que há por trás dele.
Uma joia se encaixa neste padrão de consumo, pela sua durabilidade e valor (material e imaterial), assim como garrafas de bebidas que são reutilizadas para decorar mesas como vasos de flores ou para servir água. Em Flores da Cunha, na Serra Gaúcha, encontramos na Luiz Argenta Vinhos e Espumantes, um exemplo notório disso tudo, em uma fusão de aromas, sabores e design sustentável. A arquitetura moderna da vinícola boutique, que contrasta com a tradição da atividade (visível nos exuberantes parreirais), trouxe à tona garrafas de vinho até então desconhecidas na Região Uva e Vinho, despertando a curiosidade do cliente.
O início do que viria a se tornar uma nova experiência de consumo para os apreciadores das coleções da Luiz Argenta começou há 10 anos, quando a gerente de marketing Daiane Argenta enxergou no Salão Internacional de Máquinas para Enologia e Engarrafamento (Simei) em Milão, na Itália, uma oportunidade de ser diferente perante as demais marcas. Ela se encantou pelas chamadas garrafas design e sentiu que a vinícola precisava investir naquela versão arrojada, charmosa e que facilmente seria reutilizada como objeto de decoração. As tratativas para importá-las começaram em 2011, quando a vinícola comprou a quantidade mínima possível de um dos modelos disponíveis, pois não sabia como seria a aceitação do público. “Foi uma aposta muito mais na emoção e no encantamento, do que na razão e no planejamento”, conta Daiane.
Porém, para uma garrafa com um formato que não se encaixa numa adega comum, também haveria de ter um vinho diferenciado, de estilo jovem e ousado para harmonizar com o princípio daquele design. A fabricação exclusiva com um varietal da uva Shiraz, inspirada no estilo francês Beaujolais Nouveau e feita com a técnica de maceração carbônica – que coloca cachos de uva inteiros em tanques sem oxigênio, em uma atmosfera saturada com gás carbônico - começou com cerca de 1,2 mil garrafas. “As pessoas estão acostumadas com garrafas tradicionais, por isso precisávamos informar ao consumidor que neste modelo especial havia um vinho de consumo mais rápido, leve, refrescante e extremamente aromático. Aproveitamos para lançá-lo no período que antecede ao Natal por ser uma época mais quente e que casava bem com a proposta da bebida”, lembra a gerente de marketing.
Toda a produção foi comercializada e, em pouco tempo, o Shiraz se tornou o mais vendido da Luiz Argenta e ainda permanece na lista dos mais solicitados pelos clientes. A partir daquele momento, Daiane começou a pesquisar outras versões de garrafas, todas de designers premiados na Itália, enquanto os enólogos da vinícola criavam a coleção LA Jovem, que hoje inclui seis vinhos provenientes de safras mais recentes, com sabores e aromas frutados. “Bebam o vinho e reutilizem a garrafa é o lema da linha”, brinca a gerente, ressaltando que é uma das coleções mais vendidas não apenas pela elegância das garrafas, mas pela leveza e frescor dos sabores das bebidas.
É claro que em um primeiro momento a garrafa chama mais atenção do que as características do vinho em si. Isso acontece justamente para fazer com que o consumidor se motive, perceba e escolha aquele produto em específico. “Em um segundo momento, o consumidor vai se conectar àquilo porque passa a entender o princípio daquele produto, que está ligado à beleza e foi pensado para ser diferente. O último momento é quando o consumidor experimenta o vinho. Essas etapas podem ser planejadas e a isso chamamos de design de experiência”, explica o professor Marcos Vinícius Benedete Netto, dos cursos de Bacharelado em Design, Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil e de Tecnólogos em Design Gráfico, Produto e Moda do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG).
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