OS ALEMÃES E O DOM PARA CUIDAR DA NATUREZA
O traço mais encantador do município de Nova Petrópolis é a habilidade que os descendentes de alemães têm para manter canteiros de flores e parques impecáveis. É a raiz germânica da cidade conhecida como Jardim da Serra Gaúcha. E não é para menos. Na Alemanha, o cuidado com a natureza é levado muito a sério. Quem conversou sobre isso com a revista MChic foi a caxiense Daniela Boff, que reside na capital do país, Berlim, há mais de 20 anos. Ela conta que em qualquer estação do ano, os alemães gostam de aproveitar o tempo de lazer junto à natureza. Em Berlim, há cerca de 100.000 km² de parques e florestas, o que representa, em média, 980 m² de verde por habitante. São cerca de 2.500 parques na cidade e mais de 1 milhão de árvores plantadas, cuidadas e aparadas todos os anos.
“Tem época certa para podar as árvores, cortar a grama, adubar. É um país que preserva muito os recursos naturais. Além de todo o cuidado com árvores, plantas e flores, os alemães têm uma conexão forte com a água e esportes aquáticos. Antes de serem alfabetizadas, as crianças já aprendem técnicas básicas de velejar. No segundo ano da escola primária, elas têm aulas de natação uma vez por semana e, ao final do ano letivo, recebem a carteira de nadadores com regras que indicam o tipo de água que estão aptas a nadar”. Desde o início da pandemia, com todos os locais de recreação fechados, os alemães usam parques e florestas para passear ao redor de seus lagos, inclusive para manter a saúde mental e física em tempos de pandemia. Daniela diz que eles saem para caminhar seja no calor de 30° ou no frio de -10°. Os banhistas não têm medo do inverno, sendo frequente vê-los entrando na água gelada para ativar a circulação sanguínea e aumentar a imunidade. Um dos lagos frequentados por ela fica no sudoeste de Berlim, dentro da floresta Grunewald. É o Grunewaldsee, que está na imagem de abertura desta matéria.
“Na ponta oeste desse lago encontra-se o Castelo Grunewald, que data de 1542, sendo o mais antigo da região e usado como castelo de caça no período do império. Atualmente, ele abriga um museu de pinturas dos séculos 16 ao 19. No verão, acontecem concertos de música barroca no jardim interno do castelo, que abriga um café e um dos famosos Biergarten, bares ao ar livre onde, basicamente, se bebe cerveja”. A habilidade cervejeira dos alemães, aliás, é cultural e inquestionável. Em todo o país, existem cerca de 6.000 marcas de cerveja e 15 tipos diferentes da bebida, que ficam atreladas à cada região. Por exemplo, em Berlim se bebe mais a Berliner Weiße, em Colônia a Kölsch, em Düsseldorf a Altbier e, na Bavaria, a Weizen. Na temporada primavera-verão “normal”, ou seja, sem Covid-19, em cada parque ou entrada de floresta há um Biergarten. Em função do lockdown imposto pela pandemia, esses bares não estavam funcionando no período de fechamento desta edição.
“Gosto muito de viver na Alemanha, seja pela organização como um todo ou pela segurança e tranquilidade em poder sair sozinha a qualquer hora do dia ou da noite. Não é um país de mordomias. No mercado, empacotamos as próprias compras e é normal qualquer homem ou mulher pintar a parede do seu apartamento. Tenho o maior respeito pelas mulheres alemãs, pois elas têm absoluta autonomia em todos os sentidos. Carregam filhos no colo, na bicicleta, no carrinho e, independente da classe financeira, querem fazer tudo sozinhas, sem mimimi”.
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